sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dinheiro do pré-sal deve ser destinado para revolucionar a educação

O senador Flávio Torres (PDT-CE) defendeu, nesta sexta-feira (11), em pronunciamento no plenário do Senado, que o dinheiro da exploração do pré-sal seja investido prioritariamente na Educação. Segundo Torres, é fundamental que o País aproveite essa riqueza nacional para fazer uma verdadeira revolução educacional. Na opinião do senador, o Brasil precisa centrar esforços para assegurar às crianças e aos adolescentes o ensino em tempo integral. “Eu acho que o Estado tem a obrigação de trazer para si a responsabilidade da educação do povo brasileiro. Porque não adianta meio ambiente, não adianta ciência e tecnologia – área da qual eu venho – se não tivermos um povo para participar desse processo”, argumentou. “Quantos cientistas não estão passando em branco, quantas pessoas de mentes privilegiadas, inteligentes, porque nasceram com aquela habilidade de trabalhar na ciência, não estão se perdendo porque não passaram pela escola, porque não lhes foi dada a chance de ir para a escola?”, continuou. “A partir do pré-sal, nós começamos a construir o País do nosso futuro”, destacou Flávio Torres.

Durante o discurso, o senador lembrou que, em palestra recente do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, à qual assistiu, FHC admitiu que falta ao Brasil uma revolução na educação e afirmou que uma criança não pode ficar apenas três horas na escola. “É claro que eu pensei: o senhor esteve oito anos na Presidência. Por que nunca fez?”, disse Flávio Torres. Ele contou que o ex-presidente reconheceu, durante essa palestra, que seu governo priorizou o que não deveria, deixando de assistir àquilo que deveria. “Então, enquanto estiver nesta Casa, vou pontificar uma política – que, por sinal, é um projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e creio que co-assinado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), segundo o qual o dinheiro do pré-sal seja destinado exclusivamente para uma revolução educacional”, prometeu o senador.

Ao falar de educação em tempo integral, Flávio Torres ressaltou a relevância do projeto dos CIEPS, idealizado por Darcy Ribeiro e implementado por Leonel Brizola no Rio de Janeiro. “Pegue 500 crianças e tire da rua o tempo inteiro. Traga de manhã, bote para assistir aula. Meio-dia você bota para tomar banho, depois para fazer o dever, tem uma professora para ensinar a tarefa, coloca para fazer esporte, dê outro banho, dê um lanche e manda para casa”, exemplificou o senador. “Cadê o homem que transporta a maconha? Cadê o menino que está assistindo ao bandido dando festa, que está mirando o bandido como seu ídolo, que é uma pessoa que saiu dali, com dinheiro sei lá de onde? Então, este País se transformaria na área da segurança, pois não iria ter mais marginal”, sublinhou.

Apartes

A partir do discurso de Flávio Torres, iniciou-se um debate sobre educação no plenário do Senado. Em aparte a Torres, Cristovam Buarque informou que houve um avanço no projeto do pré-sal na quinta-feira (10), quando o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) apresentou emenda em que faz uma modificação na proposta do Fundo Social do Executivo, orientando recursos especificamente para a educação. “Vossa Excelência falou que o Fundo, conforme previsto pelo Poder Executivo, é para educação, saúde, ciência e tecnologia e pobreza e, creio também, meio ambiente”, pontuou Cristovam. “Vossa Excelência falou corretíssimo que está tudo diluído. Se a gente concentrar na educação, está tudo concentrado. A educação traz o enfrentamento do meio ambiente, não só pela cabeça dos jovens que a gente vai formar respeitando a natureza, como também pela ciência e tecnologia que poderá haver para proteger a natureza”, continuou Cristovam, acrescentando que hoje o que impede o emprego é a falta de educação. “A gente vai ter, graças à educação, o enfrentamento da pobreza. Para quê colocar recursos para a pobreza se a educação é o caminho para resolver a pobreza?”, destacou o senador pedetista por Brasília.

Augusto Botelho (PT-RR) parabenizou Torres pelo pronunciamento, disse que o senador é um homem corajoso e afirmou que essa convicção da importância da educação deve ser colocada no Orçamento da União. Já João Pedro (PT-AM) lembrou que ainda é preciso se avançar muito na educação e criticou o fato de o piso nacional para professores estar sendo questionado, na Justiça, por cinco governadores. Fátima Cleide (PT-RO) aproveitou para informar que, nesse momento, está acontecendo no País um grande movimento, que é a Conferência Nacional de Educação – evento que vai discutir desde a pré-escola até o pós-doutorado. Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) elogiou o discurso de Flávio Torres, “um pronunciamento bem elaborado, bem abordado e com exemplos reais”, e chamou a atenção para o analfabetismo na Amazônia. “Só na Amazônia, temos 90 mil jovens analfabetos. A região tem 25 milhões de habitantes e mais de 160 mil estão fora da escola”, lamentou.

Nenhum comentário: