quinta-feira, 17 de dezembro de 2009


No Ceará, a animação nas férias está garantida. A partir de 07 de janeiro até dia 07 de fevereiro, os cearenses e visitantes poderão conferir shows gratuitos com a participação de atrações nacionais. Na capital e em diversos municípios cearenses, as bandas Jota Quest ,Skank, Lulu Santos, Nando Reis e Biquini Cavadão fazem a festa, sempre a partir das 20h. Um total de seis bandas animarão as férias em 16 municípios.
Confira a programação:
FÉRIAS NO CEARÁ JANEIRO / 2010
07/01 - Jota Quest - Cidade: Itapipoca
08/01 - Jota Quest - Cidade: Quixeramobim
09/01 - Jota Quest - Cidade: Fortaleza
10/01 - Jota Quest - Cidade: Juazeiro do Norte
14/01 - Nando Reis - Cidade: Crateús
15/01 - Nando Reis - Cidade: Guaramiranga
16/01 - Nando Reis - Cidade: Fortaleza
17/01 - Nando Reis - Cidade: Crato
21/01 - Skank - Cidade: Iguatu
22/01 - Skank - Cidade: Sobral
23/01 - Skank - Cidade: Fortaleza
24/01 - Skank - Cidade: Cascavel
28/01 - Lulu Santos - Cidade: Tauá
29/01 - Lulu Santos - Cidade: Aracati
30/01 - Lulu Santos - Cidade: Fortaleza
31/01 - Lulu Santos - Cidade: Barbalha
04/02 - Biquini Cavadão - Cidade: São Benedito
05/02 - Biquini Cavadão - Cidade: Camocim
06/02 - Biquini Cavadão - Cidade: Fortaleza
07/02 - Biquini Cavadão - Cidade: Liomeiro do Norte

sábado, 10 de outubro de 2009

EXCLUSIVO: FHC reconhece seu filho, após 18 anos...


Revelada a mãe, resta saber quem é o pai !?

HIPÓTESE: E se o "zézinho" for um filho-da-mãe-sem-pai? Seria então um filho da...



sábado, 26 de setembro de 2009

Bebé nasceu com quase 9 quilos


Uma mulher deu à luz, esta segunda-feira, num hospital na Indonésia, um bebé de 8,7 quilos e 62 centímetros.

O bebé é saudável e apenas precisou de receber oxigénio para evitar problemas de respiração. Os médicos do hospital da cidade de Medano, na Sumatra do Norte, Indonésia, optaram por cesariana dada grandiosidade da criança.

Um ginecologista que acompanhou a cesariana, Binsar Sitanggang, afirma que o bébé tem muito apetite a toda a hora assim como um choro fora do normal. "É muito alto!", desabafou.

A mãe teve de ser levada para o hospital devido a complicações com a gravidez, que mesmo assim chegou aos nove meses. Este foi o quarto filho de Anni, 41 anos, e o único que não nasceu de parto natural.

O médico explica que o grande tamanho da criança é explicado pelos diabetes gestacionais da mãe.

Quando o nível de glicose de uma mãe diabética é alto durante a gravidez, o bebé pode receber glicose a mais e crescer muito, segundo o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas.

Criança de 1 Ano Grávida na China


Segundo o jornal britânico The Sun, médicos da China ficaram perplexos após constatarem que uma criança de um ano está grávida.

A pequena Kang Mengru foi levada a um hospital depois de chamar muita atenção por onde passava, por causa de sua barriga que não parava de crescer.

Chegando ao local, os médicos constataram o crescimento de um feto na barriga do bebê, um caso muito raro de um gêmeo parasita.

Apenas 100 casos como o de Kang foram documentados no mundo todo até hoje. A menina agora aguarda uma cirurgia para a remoção do feto.

postado por FAGNER C VASCONCELOS
Fonte: SRZD

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Acusados de assassinar líder indígena em Mato Grosso do Sul serão julgados em São Paulo


O Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a decisão da segunda instância da Justiça Federal que determinou que o assassinato do cacique Guarani Kaiowá Marcos Verón deve ser julgado pelo Tribunal do Júri da Subseção Judiciária de São Paulo.

A decisão foi tomada no julgamento de um habeas corpus impetrado pela defesa de Carlos Roberto dos Santos, Estevão Romero e Jorge Cristaldo Insabralde. Os três são acusados de cometer uma série de crimes contra os índios Guarani Kaiowá, entre os quais o assassinato do líder indígena, ocorrido em janeiro de 2003, na cidade de Juti, no interior do Mato Grosso do Sul.

No pedido de habeas corpus negado pela Quinta Turma do STJ, a defesa alegou que o desaforamento (transferência) do julgamento da comarca de Dourados (MS) para o Tribunal do Júri de São Paulo representaria constrangimento ilegal dos acusados, uma vez que a decisão teria sido tomada com ausência de fundamentação por parte do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região.

A defesa sustentou ainda que o desaforamento teria violado o princípio do juiz natural e o artigo 427 do Código de Processo Penal, que prevê que a transferência deve ser feita levando-se em consideração o critério geográfico da proximidade das comarcas da mesma região. Com esse argumento, a advogada dos réus pediu que a ação penal fosse julgada em outra subseção judiciária de Mato Grosso do Sul próxima a Dourados ou em Campo Grande, capital do estado.

Acolhendo o parecer do Ministério Público Federal (MPF), responsável pelo pedido de desaforamento, os ministros da Quinta Turma afastaram a argumentação da defesa. Para eles, o julgamento dos réus não poderia ocorrer em Mato Grosso do Sul porque existe suspeição em relação à imparcialidade dos jurados no estado.

Ao proferir seu voto no julgamento, que foi acompanhado pelos demais integrantes da Quinta Turma, o relator da ação, ministro Felix Fischer, destacou que o caso sob apreciação insere-se num contexto “triste e lamentável” de morte de pessoas por disputa de terras entre índios e fazendeiros no estado.

Para o relator, a decisão do TRF 3ª Região relativa ao desaforamento do júri foi acertada. Com base em informações constantes do processo, ele ressaltou a existência de um clima de animosidade e preconceito contra os indígenas em Mato Grosso do Sul, fato que retiraria a imparcialidade necessária ao julgamento do caso.

Esse clima de animosidade seria consequência de manifestações de autoridades públicas e de parcela da imprensa local contrárias a invasões de terra de fazendeiros pelos indígenas. O ministro relator destacou a existência de uma manifestação da própria Assembléia Legislativa estadual contra os índios ocorrida em 2003, que aumentou o clima de hostilidade existente na região.

Nas razões de decidir, o relator apontou também como fator que poderia ferir a imparcialidade do julgamento a influência política e econômica de Jacintho Honório da Silva Filho em todo o estado. Patrão dos réus e proprietário da Fazenda Brasília do Sul, local do crime contra o cacique, Honório também foi indiciado por crimes contra os Guarani e está sendo acusado de manipular provas falsas para beneficiar os réus.

O ministro Fischer ressaltou ainda que somente uma fundamentação idônea é capaz de afastar, em casos de desaforamento, a competência da comarca mais próxima do local original do Júri para outra mais distante. No entanto, segundo o ministro, os fatos demonstraram que, no caso, o deslocamento do julgamento da ação para São Paulo, cidade onde está sediado o TRF 3ª Região, levará a um julgamento imparcial.

Os crimes contra os índios Guarani Kaiwoás ocorreram em 12 e 13 de janeiro de 2003. Acampados na fazenda Brasília do Sul em protesto pela demarcação da terra indígena Takuara, eles foram atacados por quatro homens armados que teriam sido contratados para agredi-los e expulsá-los do local. Armados com pistolas, eles ameaçaram, espancaram e atiraram nas lideranças indígenas. À época com 73 anos, Verón não resistiu às agressões e morreu após sofrer traumatismo craniano. Ao todo, 24 pessoas foram denunciadas pelo MPF pelos crimes.

Coordenadoria de Editoria e Imprensa

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Estágio de 3 mil jovens será pago pelo governo

GALERIA

Clique para Ampliar

FCDL e STDS apresentaram, ontem, a empresários a expansão do Projeto Primeiro Passo que vai levar estagiários ao comércio de Fortaleza com bolsa paga pelo governo do Estado (Foto: André Lima)

Comércio de Fortaleza vai receber mão-de-obra jovem financiada pelo projeto Primeiro Passo da Secretaria do Trabalho

Mão-de-obra qualificada a custo zero para o empregador e garantia de inserção no mercado de trabalho com remuneração e transporte assegurados pelo governo do Estado para três mil jovens de 17 a 21, que cursam o 3º ano do ensino médio em escolas púbicas no Ceará. A parceria para concretização da iniciativa inédita no País foi firmada ontem pela manhã entre a Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) e a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL). A ação corresponde à expansão do Projeto Primeiro Passo, que nos últimos dois anos capacitou e encaminhou 17 mil jovens ao mercado de trabalho local em 130 municípios cearenses.

Segundo a titular da STDS, Fátima Catunda, "a meta do governo é atingir até o fim da atual gestão os jovens dos 184 municípios do interior do Estado. Até o fim deste ano a expectativa é atingir pelo menos 21 mil adolescentes cearenses. O programa prevê o financiamento pelo Estado de três mil bolsas no valor de R$ 250 por mês mais auxílio transporte durante seis meses para que jovens, cujas famílias têm renda per capita de até 1/4 do salário mínimo, atuem no comércio e indústria.

Cada estagiário trabalhará quatro horas diariamente e ao final do aprendizado receberá um certificado atestando a prática adquirida.

Todos ganham

Para o presidente da FCDL, Honório Pinheiro, a iniciativa representa uma oportunidade ímpar tanto para a juventude como para o comércio. "Teremos mão-de-obra qualificada em nossas empresas a custo zero. Nunca ouvi falar numa iniciativa dessas, do governo bancar estagiários para as empresas, noutros estados. A nossa contrapartida será dar condições para esses jovens se desenvolverem profissionalmente em nossas empresas, cumprindo o que prevê a legislação. O comércio será o catalizador desse processo coordenado pela STDS para iniciar os jovens no mercado de trabalho, com base nos fundamentos da Lei de Estágio. Ninguém vai poder demitir para colocar estagiário na função. Só podemos absorver um número de estagiários que corresponda no máximo a 20% do nosso quadro de funcionários", alerta.

Freitas Cordeiro, presidente da CDL de Fortaleza, lembrou que muitos desses jovens terão a possibilidade de ser contratados ao fim do estágio.

As empresas interessadas em absorver estagiários devem encaminhar ofício com número de jovens desejados, turnos e funções a serem exercidas, para o seguinte e-mail: simone.veras@stds.ce.gov.br.

Collor vai receber R$ 50mil do Secretário de Comunicação de Lula


A 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou o atual ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, o jornalista Franklin Martins, o também jornalista Marcone Formiga e a editora Dom Quixote a pagarem, solidariamente, a quantia de R$ 50 mil de indenização por danos morais ao ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello.

O colegiado decidiu, por unanimidade de votos, reformar a sentença de 1º grau, que havia julgado improcedente o pedido de indenização do senador da República, em virtude de reportagem caluniosa divulgada em julho de 2005. De acordo com a decisão, o político teve a honra e a imagem maculadas depois de ter sido chamado de corrupto, ladrão e "chefe de quadrilha" em matéria publicada na revista Brasília em Dia.

"Os meios de comunicação têm, em sua natureza primordial, finalidade social e informativa, mas tais atividades devem ser exercidas com critério e segurança, sob pena de se colocar em risco a segurança e a honra subjetiva dos cidadãos e de responder, civil e criminalmente, por tais desmedidos atos. Sob o critério da proporcionalidade, cede o direito de informar à proteção a honra", escreveu o desembargador Renato Ricardo Barbosa, relator do processo.

O juiz ressaltou que a matéria veiculada não se tratou de simples exposição de fatos, mas de uma entrevista de cunho opinativo. Ele lembrou também que Collor foi absolvido das acusações que sofreu na esfera criminal. "Na hipótese há que se ressaltar que o apelante é homem público, ex-presidente da República, atualmente senador, e que foi absolvido em ação penal de todas as denúncias a ele imputadas, inclusive pelo Supremo Tribunal Federal, o que demonstra a amplitude do dano à sua honra e imagem com a veiculação da reportagem", completou.

Deixar de anotar carteira de trabalho é crime de competência estadual

DECISÃO
Processos contra empresa que deixa de anotar o contrato na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do empregado são de competência da Justiça estadual. Para a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o primeiro prejudicado nessas situações é o trabalhador, não a Previdência. A decisão foi tomada por voto de desempate do presidente da Seção.

O relator original, ministro Jorge Mussi, entendia que o caso deveria ser julgado pela Justiça Federal. Para ele, o tipo penal específico (Código Penal, artigo 297, parágrafo 4º) foi introduzido pela Lei n. 9.983/2000, que também estabeleceu outros crimes contra a Previdência (artigos 168-A e 337-A), o que revelaria a intenção do legislador de proteger, primeiramente, a União. A doutrina também reforçaria tal entendimento ao considerar que se buscava proteger a arrecadação de tributos previdenciários, calculados com base no valor do salário pago ao empregado.

Esse entendimento foi acompanhado pelos ministros Og Fernandes – que sugeriu a revisão da súmula 62 do STJ –, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima.

A ministra Maria Thereza de Assis Moura, no entanto, apresentou voto vista em sentido contrário. Para ela, haveria duas situações fáticas distintas envolvidas na prática descrita no Código Penal. Uma é a cometida pela empresa que deixa de anotar a CTPS ou anota período menor que o efetivamente trabalhado, com o objetivo de frustrar direitos trabalhistas do empregado. Outra consistiria na inserção de dados falsos pelo trabalhador ou seu procurador, registrando-se períodos maiores que os trabalhados com o fim de criar condições para pleitear benefícios previdenciários.

Na segunda situação, afirmou a ministra, a jurisprudência do STJ seria sólida e confirmada também pelo Supremo Tribunal Federal (STF): a competência é da Justiça Federal. No entanto, no caso da primeira hipótese, os entendimentos seriam oscilantes. Em seu entendimento, continuou, nessas situações não haveria dano imediato à Previdência, mas ao trabalhador. Essa seria a posição contida na súmula 62, definindo pela competência da Justiça estadual.

A ministra acrescentou que, pelo descrito na denúncia, não havia menção à supressão de tributos ou mesmo de ocorrência de crime contra a organização do trabalho, por se tratar de caso isolado. O voto vista foi acompanhado pelos ministros Nilson Naves e Napoleão Nunes Maia e pelo desembargador convocado Celso Limongi.

Em seu voto de desempate, o então presidente, ministro Paulo Gallotti, afirmou que, mesmo trazendo eventuais dificuldades em alguns casos, deveria ser feito o esforço de determinar qual a hipótese exata em julgamento em cada processo, em vez de simplesmente decidir pela aplicação de uma ou outra regra de competência, já que se tratava de definir o juiz natural das causas.

Coordenadoria de Editoria e Imprensa

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Câmara deverá instalar amanhã as quatro comissões sobre Pré-sal


Agência Câmara

Publicação: 15/09/2009 15:32


A Câmara marcou para amanhã, às 14 horas, a instalação das quatro comissões especiais que vão analisar os projetos relacionados à exploração da camada pré-sal (PLs 5938/09, 5939/09, 5940/09, 5941/09). Na mesma reunião, serão eleitos o presidente, o vice-presidente e o relator das comissões.

A comissão especial sobre o Pré-Sal, Exploração e produção (PL 2502/07, que tem apensado o PL 5938/09) será instalada no plenário 7;

A comissão sobre a criação do Fundo Social (PL 5417/09, que tem apensado o PL 5940/09), no plenário 10;

258 emendas

Acordo de líderes fechado na semana passada viabilizou a retirada da urgência constitucional dos projetos, mas estabeleceu 10 de novembro como data-limite para a votação das propostas pelo Plenário. Mesmo antes da instalação, no entanto, os quatro projetos já receberam 258 emendas.

Lula quer que programas de governo virem políticas de Estado


Agência Brasil

Publicação: 15/09/2009 15:17

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça (15/9) que irá consolidar as políticas sociais de seu governo para que sejam transformadas em políticas de Estado. A intenção, segundo ele, é que um projeto com esse propósito seja enviado ao Congresso Nacional ainda este ano.

“Vou fazer a consolidação das políticas sociais que criamos nesse país para transformar em política de estado. A quantidade de política que fizemos demonstram parte do sucesso desse momento que estamos vivendo. Tem que se andar daqui para frente, não pode andar pra trás”, disse durante discurso na reunião extraordinária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Lula citou o Bolsa Família e disse que, se o programa deixar de existir, o dinheiro que hoje é pago aos beneficiários poderá ser usado, por exemplo, para a construção de uma ponte ou estrada. “Isso é mais importante do que levar comida na boca de milhões de pessoas?”

Lula informou que em breve fará uma reunião com ministros da área social para construir o projeto e que é preciso enviar ao Congresso ainda este ano para que a ação não seja considerada eleitoreira.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dinheiro do pré-sal deve ser destinado para revolucionar a educação

O senador Flávio Torres (PDT-CE) defendeu, nesta sexta-feira (11), em pronunciamento no plenário do Senado, que o dinheiro da exploração do pré-sal seja investido prioritariamente na Educação. Segundo Torres, é fundamental que o País aproveite essa riqueza nacional para fazer uma verdadeira revolução educacional. Na opinião do senador, o Brasil precisa centrar esforços para assegurar às crianças e aos adolescentes o ensino em tempo integral. “Eu acho que o Estado tem a obrigação de trazer para si a responsabilidade da educação do povo brasileiro. Porque não adianta meio ambiente, não adianta ciência e tecnologia – área da qual eu venho – se não tivermos um povo para participar desse processo”, argumentou. “Quantos cientistas não estão passando em branco, quantas pessoas de mentes privilegiadas, inteligentes, porque nasceram com aquela habilidade de trabalhar na ciência, não estão se perdendo porque não passaram pela escola, porque não lhes foi dada a chance de ir para a escola?”, continuou. “A partir do pré-sal, nós começamos a construir o País do nosso futuro”, destacou Flávio Torres.

Durante o discurso, o senador lembrou que, em palestra recente do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, à qual assistiu, FHC admitiu que falta ao Brasil uma revolução na educação e afirmou que uma criança não pode ficar apenas três horas na escola. “É claro que eu pensei: o senhor esteve oito anos na Presidência. Por que nunca fez?”, disse Flávio Torres. Ele contou que o ex-presidente reconheceu, durante essa palestra, que seu governo priorizou o que não deveria, deixando de assistir àquilo que deveria. “Então, enquanto estiver nesta Casa, vou pontificar uma política – que, por sinal, é um projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e creio que co-assinado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), segundo o qual o dinheiro do pré-sal seja destinado exclusivamente para uma revolução educacional”, prometeu o senador.

Ao falar de educação em tempo integral, Flávio Torres ressaltou a relevância do projeto dos CIEPS, idealizado por Darcy Ribeiro e implementado por Leonel Brizola no Rio de Janeiro. “Pegue 500 crianças e tire da rua o tempo inteiro. Traga de manhã, bote para assistir aula. Meio-dia você bota para tomar banho, depois para fazer o dever, tem uma professora para ensinar a tarefa, coloca para fazer esporte, dê outro banho, dê um lanche e manda para casa”, exemplificou o senador. “Cadê o homem que transporta a maconha? Cadê o menino que está assistindo ao bandido dando festa, que está mirando o bandido como seu ídolo, que é uma pessoa que saiu dali, com dinheiro sei lá de onde? Então, este País se transformaria na área da segurança, pois não iria ter mais marginal”, sublinhou.

Apartes

A partir do discurso de Flávio Torres, iniciou-se um debate sobre educação no plenário do Senado. Em aparte a Torres, Cristovam Buarque informou que houve um avanço no projeto do pré-sal na quinta-feira (10), quando o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) apresentou emenda em que faz uma modificação na proposta do Fundo Social do Executivo, orientando recursos especificamente para a educação. “Vossa Excelência falou que o Fundo, conforme previsto pelo Poder Executivo, é para educação, saúde, ciência e tecnologia e pobreza e, creio também, meio ambiente”, pontuou Cristovam. “Vossa Excelência falou corretíssimo que está tudo diluído. Se a gente concentrar na educação, está tudo concentrado. A educação traz o enfrentamento do meio ambiente, não só pela cabeça dos jovens que a gente vai formar respeitando a natureza, como também pela ciência e tecnologia que poderá haver para proteger a natureza”, continuou Cristovam, acrescentando que hoje o que impede o emprego é a falta de educação. “A gente vai ter, graças à educação, o enfrentamento da pobreza. Para quê colocar recursos para a pobreza se a educação é o caminho para resolver a pobreza?”, destacou o senador pedetista por Brasília.

Augusto Botelho (PT-RR) parabenizou Torres pelo pronunciamento, disse que o senador é um homem corajoso e afirmou que essa convicção da importância da educação deve ser colocada no Orçamento da União. Já João Pedro (PT-AM) lembrou que ainda é preciso se avançar muito na educação e criticou o fato de o piso nacional para professores estar sendo questionado, na Justiça, por cinco governadores. Fátima Cleide (PT-RO) aproveitou para informar que, nesse momento, está acontecendo no País um grande movimento, que é a Conferência Nacional de Educação – evento que vai discutir desde a pré-escola até o pós-doutorado. Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) elogiou o discurso de Flávio Torres, “um pronunciamento bem elaborado, bem abordado e com exemplos reais”, e chamou a atenção para o analfabetismo na Amazônia. “Só na Amazônia, temos 90 mil jovens analfabetos. A região tem 25 milhões de habitantes e mais de 160 mil estão fora da escola”, lamentou.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Movimento 'Ficha Limpa' reúne 1,1 milhão de assinaturas



O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral aproveitou o desfile de 7 de Setembro, em Brasília, para buscar assinaturas para apresentar ao Congresso o projeto de lei de iniciativa popular que objetiva impedir que pessoas envolvidas em crimes graves se candidatem a cargos eletivos. Para enviar a proposta ao Legislativo, a campanha Ficha Limpa precisa obter 1,3 milhão de assinaturas. A expectativa era conseguir mil assinaturas durante o desfile. Hoje, eles já têm 1,1 milhão de nomes. De acordo com a coordenadora do movimento, Jovita José Rosa, o projeto deve ser encaminhado ainda este ano.Pegue o formulário e junte-se a esta campanha: Aqui

As propostas para o pré-sal

Paulo Passarinho

O governo finalmente definiu as suas propostas para o pré-sal. Em discussão no âmbito do governo desde meados de 2008, inicialmente previa-se que os projetos de alteração da legislação vigente e criação de uma nova institucionalidade para melhor aproveitarmos a riqueza do petróleo oceânico seriam apresentados antes mesmo das eleições municipais de 2008.

Contudo, depois de sucessivos adiamentos, somente agora temos a oportunidade de conhecer o projeto do governo em toda sua amplitude. Ele foi corporificado em quatro distintos projetos de lei. Esses projetos tratam, respectivamente, do novo marco regulatório, exclusivo para a exploração do petróleo do pré-sal, baseado no regime de partilha da produção; da criação de uma nova estatal - a Petrosal - para a gestão dos futuros contratos de partilha; da criação do Fundo Social que administrará os recursos a serem obtidos pela União com a venda do petróleo e que deverão ser investidos nas áreas de educação, combate à pobreza, desenvolvimento científico e tecnológico, cultura e sustentabilidade ambiental; e da autorização para o aumento do capital da Petrobras, através de um mecanismo no qual a União cede à empresa áreas do pré-sal até o limite de cinco bilhões de barris, é remunerada através de títulos públicos de propriedade da estatal e ao mesmo tempo aporta na Petrobras recursos no mesmo montante do valor da operação envolvendo esses títulos.

A decisão de se criar o Fundo Social e a iniciativa de aumento de capital da Petrobras, com o aporte de recursos da União, são iniciativas louváveis e consequência direta da expectativa, em relação ao Fundo, dos imensos recursos que o país passará a dispor, e da necessidade de bem aplicá-los; no caso do aumento do capital da Petrobras, trata-se da necessidade de fortalecimento financeiro da empresa, frente ao seu gigantesco esforço para cumprir as tarefas de se levar à frente o trabalho, iniciado pioneiramente pela própria Petrobrás, de pesquisas, prospecções e desenvolvimento de tecnologias próprias à exploração e produção de um petróleo situado nas profundezas subterrâneas do fundo do mar.

Existem, entretanto, problemas sobre os quais seria necessária uma discussão bem cuidadosa sobre as decisões que teremos de assumir.

Primeiramente, por que o regime de partilha? A alegação é a necessidade de se superar as amarras da atual Lei do Petróleo (Lei 9478/97), que define, em seu artigo 23, que "as atividades de exploração, desenvolvimento, e produção de petróleo e de gás natural serão exercidas mediante contratos de concessão, precedidos de licitação". No artigo 26 desta mesma lei é conferida ao concessionário a propriedade do petróleo e do gás que vier a ser obtido, jogando-se por terra, assim, o preceito constitucional do monopólio da União sobre o petróleo.

A argumentação básica de defesa do regime de partilha - que de fato é muito menos prejudicial aos interesses nacionais do que o regime de concessão - é que a exploração do pré-sal não implicaria maiores riscos às empresas envolvidas, sendo uma espécie de "bilhete premiado". Ora, se esta é a realidade, por que não adotar o regime de contratação de empresas para a prestação de serviços à União, único ente capaz de canalizar os benefícios que o pré-sal poderá nos trazer para o conjunto do país? E, através desses contratos, priorizar a Petrobrás, a empresa no mundo mais capacitada - até porque pioneira e líder na tecnologia de exploração em águas profundas, além de descobridora do pré-sal - para esse tipo de serviço?

A opção pelo regime de partilha implica dar continuidade aos leilões de campos de petróleo, embora em condições diferenciadas do que até aqui foi feito. Sempre é bom lembrar, porém, que esses leilões para a concessão de blocos de petróleo terão continuidade para as áreas fora do pré-sal e que foram esses mesmos leilões que já comprometeram 29% de toda a área do pré-sal, de acordo com dados do próprio governo (embora a própria Petrobras tenha participação em cerca de 50% dessa área já licitada).

Esta opção pelo regime de partilha implicou também o governo propor a criação de uma nova estatal, o que, levando-se em conta que já dispomos de um ministério de Minas e Energia, um Conselho Nacional de Política Energética, uma Agência Nacional do Petróleo e, particularmente, de uma empresa do porte e da experiência da Petrobrás, pode ser algo absolutamente dispensável.

O maior problema da opção pelo regime de partilha, ao que tudo indica, é a busca de conciliação de interesses entre a ordem legal deixada pela era FHC e a busca de alternativas para que o país recupere parcialmente um mínimo de soberania no planejamento do ritmo de exploração e produção do petróleo.

Mas o esforço é em vão: os porta-vozes dos interesses privados e estrangeiros estão mais do que nunca a denunciar os desvios de "estatismo" e de "volta ao passado", ao analisar as propostas apresentadas pelo governo.

Revogar a Lei 9478 e as suas ambigüidades - o que implicaria também modificar o artigo 176 da Constituição Federal, igualmente confuso no tratamento de algo que é considerado um monopólio da União (o petróleo) e que ao mesmo tempo confere a propriedade do que venha a ser extraído de jazidas aos concessionários das mesmas; suspender por completo a realização de leilões; estabelecer como marco normativo de referência, a ser aprimorado de acordo com mudanças que venham a ser julgadas como convenientes ao interesse nacional, a Lei 2004, de 1953, que criou a Petrobrás, seriam iniciativas essenciais para adequar o país às enormes possibilidades que se oferecem.

Nesse sentido, cumpre destacar que já foi apresentado ao Congresso projeto de Lei elaborado pelas entidades e movimentos sociais envolvidos na Campanha do PetróleoTem Que Ser Nosso, que procura oferecer ao debate nacional e parlamentar proposições absolutamente adequadas à defesa do interesse nacional. Este projeto acabou por ser apresentado formalmente pelo deputado Fernando Marroni (PT/RS), e foi subscrito por outros 23 parlamentares do PT, do PCdoB, do PDT e do PSOL. Esperamos que o Congresso venha a debatê-lo com a seriedade e profundidade necessárias.

Para tanto, a defesa do regime de urgência para a tramitação dos projetos do pré-sal, feita pelo governo, é compreensível - dada a pressão da direita patrocinada pelo interesse estrangeiro e a proximidade das eleições presidenciais - mas totalmente inadequada. Porém, mais uma vez, a responsabilidade é do próprio governo, com suas ambigüidades e vacilações.

Paulo Passarinho é economista e presidente do CORECON-RJ

Senado prepara legalização de crime eleitoral

Milton Temer
Em meio à seqüência de escândalos que abalam a imagem do vetusto Senado brasileiro, uma violência contra a democracia e a transparência no trato com a coisa pública está em vias de ser perpetrada.

Trata-se do projeto de lei que organiza mais um arranjo eleitoral no interesse dos atuais portadores de mandato e, principalmente, dos grandes partidos - aí, sem distinção entre os da direita carcomida e os que já se pretenderam de esquerda.

Enquanto concentra o fogo na questão da utilização da internet, onde seus interesses diretos não são alcançados, a grande mídia conservadora joga para segundo plano dois pontos essenciais na consolidação do crime organizado durante os processos eleitorais, caso o projeto seja aprovado antes de 30 de setembro.

O primeiro, bem definidor do caráter deletério da atividade da maioria dos membros dessa egrégia Casa do Congresso Nacional, é a legalização do caixa dois - instrumento pelo qual parlamentares a serviço dos interesses escusos do grande capital recebem recursos para sua campanha eleitoral, sem revelar a fonte em suas prestações de conta.

Se aprovada essa excrescência legislativa, o problema para a ação predadora dos grandes lobbies acaba. O projeto autoriza que a doação, sem citação de origem, seja feita à legenda eleitoral (não se pode chamar de partido político instituição destinada à lavagem de dinheiro ilegal), para que esta repasse ao candidato. Ou seja; some o caixa dois porque o felizardo estará recebendo recursos de seu próprio cúmplice no crime então legalizado.

O segundo ponto é o que diz respeito ao fim da possibilidade de renovação e alternância partidária nos embates eleitorais. Depois de estabelecida a fórmula para a manutenção do status quo no horário gratuito de rádio e TV, através de uma distribuição injusta e antidemocrática do tempo de exibição por partido, pretende-se estender a medida aos debates e noticiário através das redes privadas em seus horários de programação comercial. É o que se poderia chamar a lei anti-Heloisa Helena.

Por ela, não haveria mais obrigação de tratamento igualitário para todos os candidatos. Poderiam ser convocados apenas 2/3 e, aí o agravante da bandalheira, entre aqueles que tivessem bancadas mínimas de 10 parlamentares na Câmara dos Deputados. É possível imaginar instrumento mais eficaz para a definitiva americanalhização da política brasileira?

Estaríamos, por aí, condenados a um definitivo debate entre o seis e o meia-dúzia, ou seja, PT versus PSDB/demo-PFL, pelo menos até que o PT e o PSDB venham a se fundir definitivamente, como é do desejo de próceres das duas legendas. Teríamos, no máximo, garantia para a participação de figurantes saídos das linhas auxiliares de legendas de um e de outro lado da fronteira ideológica. Mas figurantes apenas para legitimar a disputa entre os grandes caciques.

Fundamental, portanto, que as chamadas entidades da sociedade civil se manifestem contra essa violência em curso. Fundamental, portanto, que os colunistas atentos à defesa de um processo realmente democrático se ocupem do tema em seus importantes espaços. Fundamental, portanto, que o que resta de digno dentro dos parlamentos ditos republicanos se movam no sentido de impedir a consolidação dessa violência contra as correntes de esquerda combativas, que têm na ex-senadora a sua expressão pública mais expressiva.

Milton Temer é jornalista e presidente da Fundação Lauro Campos

Os riscos da intolerância


Cena da Inquisição, de Victor Manzano
Cena da Inquisição, de Victor Manzano
(acervo do Museu do Prado, Espanha)
A televisão brasileira vive tempos de pavios curtos. Há um clima de animosidade entre uma difusa mentalidade católica, de corte conservador, de um lado, e métodos ancorados numa idéia material de prosperidade, que adquiriram mais visibilidade com a Igreja Universal do Reino de Deus, no lado oposto. Mas não se trata de uma "guerra santa". A metáfora, ainda que tentadora, não serve. Essa expressão, "guerra santa", vai nos remeter a tempos medievais, com a investida dos papas contra o que enxergavam como um pólo do mal, com o propósito de neutralizá-lo. Não é nada disso que se passa hoje, ainda bem.

Outros vêem no mal-estar da radiodifusão apenas uma disputa comercial entre Globo e Record, o que também não passa de miragem. No fundo dos atritos entre as duas redes principais, que acabou envolvendo diversos outros veículos de comunicação, pairam as indefinições dos marcos regulatórios da radiodifusão (setor que envolve emissoras de rádio e de televisão aberta). Tratei disso num artigo anterior, neste Observatório: "Partido, igreja e televisão" (19/8/2009). Igrejas podem ser proprietárias de redes comerciais de TV? Que relações as igrejas podem manter com os partidos políticos? A política de concessões no Brasil tem observado os requisitos do Estado laico?

Há sinais preocupantes no horizonte. Além do controverso acordo do Estado brasileiro com o Vaticano, de que este OI tratou exaustivamente [remissões abaixo], há outra medida, que veio na seqüência, aprovada pelo Congresso Nacional, que abre caminhos para os mais licenciosos negócios em nome da religião, e que foi denunciada pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Quanto a isso, é esclarecedora a leitura da coluna de Clóvis Rossi na edição de sexta-feira (28/8) da Folha de S.Paulo (pág. 2), que transcrevo na íntegra:

Templo é dinheiro?

Passo a coluna para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), porque o que ele narra consegue ser estarrecedor mesmo em um país em que parecia esgotado o estoque de estarrecimentos.

Chico fala da madrugada de 26 para 27 deste mês, em que a Câmara dos Deputados aprovou um absurdo projeto de lei que "dispõe sobre as garantias e direitos fundamentais ao livre exercício da crença e dos cultos religiosos" ("você sabia que estavam ameaçados?", pergunta o deputado. E você, sabia?).

Passemos ao estarrecedor, na palavra do deputado:

"Se o acordo Santa Sé/governo brasileiro já era questionável em vários aspectos, o acordão com setores evangélicos (não a totalidade), patrocinado por quase todos os partidos (inclusive o 'oposicionista´ DEM), à exceção do PSOL, foi um absurdo. O projeto tramitou numa celeridade inédita (foi apresentado em julho agora) e, com o relator Eduardo Cunha (PMDB-RJ, neoevangélico), avançou a toque de caixa em plenário, sem ter sido nem sequer proposto no colégio de líderes".

Consequência da aprovação: "É o liberou geral. Agora, quem inventar uma 'instituição religiosa´ terá sua organização obrigatoriamente reconhecida pelo Estado no simples ato de criação, independentemente de lastro histórico e cultural, doutrina, corpo de crença. É o supermercado aberto da 'fé´. E a 'instituição´ poderá modificar à vontade suas instâncias. E suas atividades gozarão de todas as isenções, imunidades e benefícios - fiscais, trabalhistas, patrimoniais - possíveis e imagináveis".

O país já conhece o resultado do que Chico Alencar chama de "supermercado da fé", graças às denúncias do Ministério Público contra a alta cúpula de um desses "supermercados", que tem também uma rede de televisão, além de templos (aliás, Chico pergunta: "templo é dinheiro?").

Uma história de barbáries

O problema, portanto, é de marco legal. O que está em discussão, agora, são os termos com que o país vai ou não vai regulamentar as relações das emissoras de sinal aberto com seitas, igrejas e agremiações religiosas as mais diversas. Não é só. Além da questão legal, começa a recrudescer o tom das acusações recíprocas entre as religiões. Aos poucos, a impaciência vai se convertendo em agressividade - e a agressividade, em intolerância.

Não por acaso, o tema da tolerância esteve sempre associado à capacidade de uma sociedade de conviver com diferentes doutrinas religiosas. Um dos primeiros registros que se tem do termo data do ano 261, quando o imperador Galieno, sob ataques sucessivos dos persas, lançou o primeiro "Edito de Tolerância", por meio do qual reconheceu o cristianismo como religião aceita - não ainda como a religião oficial do império - e mandou restituir aos cristãos as propriedades que lhes tinham sido confiscadas. Mais tarde, em 313, o imperador Constantino, convertido ao cristianismo, também promulgou o seu "Edito da Tolerância". Roma, porém, manteve-se pagã. Com Teodósio, o Grande, que governou de 379 a 395, o culto pagão foi suprimido e o cristianismo virou religião oficial.

Vencida a intolerância pagã, surgiria a intolerância católica, que teve seu ponto mais agudo ao fim da Idade Média, com a Santa Inquisição. Bruxas, judeus e dissidentes eram sacrificados sem derramamento de sangue: de preferência, na fogueira. Um dos capítulos mais brutais dessa perseguição teve lugar na França, em 24 de agosto de 1572: a noite de São Bartolomeu. Somente em Paris, numa única noite, três mil protestantes foram exterminados. Dezenas de milhares perderam a vida em toda a França.

Naqueles tempos, prevalecia o entendimento de que a religião pertencia à órbita do monarca, ao qual caberia interpretar as escrituras e impor aos súditos a sua própria fé. Thomas Hobbes (1588-1679) era defensor dessa tese. Contra ela, insurgiu-se outro inglês, John Locke (1632-1704). Em Carta sobre a Tolerância, obra escrita em latim, em 1685, e publicada anonimamente em 1689, Locke afirma que os assuntos que unificam os homens no pacto em sociedade se referem à proteção de seus direitos, de seus bens e de suas liberdades. A religião deveria ficar fora disso, pois diz respeito às escolhas individuais, sobre as quais não cabe interferência estatal. Diz Locke:

"A comunidade me parece ser uma sociedade de homens constituída somente para que esses obtenham, preservem e aumentem seus próprios interesses civis. Por interesse civil, entendo a vida, a liberdade e a salvaguarda do corpo e a posse de bens externos, como dinheiro, terras, casas, móveis e assim por diante." (John Locke, Carta sobre a Tolerância. São Paulo: Hedra, 2007, p. 38).

Segundo o filósofo, cabia aos fiéis, não ao soberano, avaliar se era adequada ou não a religião tal como professada pelo cidadão livre:

"Admito ser uma igreja uma sociedade voluntária de homens que se juntam por acordo próprio, de modo a adorar Deus publicamente de uma maneira que eles julguem aceitável por Ele e efetiva em relação à salvação de suas almas." (Carta sobre a Tolerância, p. 42).

Desde Locke, a democracia incorporou a noção de que nenhuma penalidade e nenhuma intimidação são capazes de instilar na alma de um homem uma convicção religiosa que nele não seja sincera e espontânea. Aprendeu que, de uma vez por todas, isso não é assunto do Estado. Desde então, serviços públicos a cargo do Estado - e a radiodifusão é, hoje, um desses - não se devem deixar contaminar por doutrinas próprias da fé. Essa interdição não persegue religião alguma, como pode parecer, mas, ao contrário, protege a todas.

No século 20, a intolerância ganhou cores mais selvagens. Do nazismo ao stalinismo, ela se manifestou em todas as formas de totalitarismo. Recentemente, temos visto guerras e atos de terror que se dizem inspirados na palavra de Deus. A verdade absoluta de uns serve de base para a dizimação de outros - e toda violência se pretende perdoada.

Será que sabemos nos respeitar?

Esses fatos deveriam abrir os nossos olhos. O discurso que autoriza a verdade absoluta, qualquer que seja ela, e que identifica nos adversários o "demônio" ou qualquer outra entidade que corporifique o mal é um discurso que nos ameaça. O Brasil tem sido uma terra de convivência pacífica - não nos desviemos agora.

Sinais de preocupação não faltam. É de fato estarrecedor, para usar a palavra de Clóvis Rossi, que estejamos diante da contaminação de serviços públicos por assuntos religiosos. Nesse ambiente, é preciso cuidado, muito cuidado, para que não sobressaia, nas acusações contra uma ou outra rede de TV, uma nota, ainda que mínima, de intolerância.

O modo que cada um encontra de professar a sua fé deve ser respeitado na sua integridade, pois não é aí que reside o problema. Ele está, como vem sendo exposto, no cruzamento indevido entre igreja e grupos comerciais de mídia - às vezes, com extensões em partidos políticos. Ele está em iniciativas que tentam sabotar a garantia do Estado laico.

O desafio do Brasil, agora, tem esse adicional de dificuldade: é preciso separar o debate que se refere à regulamentação da radiodifusão de qualquer pretensão de interferência na opção religiosa individual.

Brincar com expressões como "guerra santa" é brincar com o inferno. Reduzir tudo a uma guerra comercial é dar de ombros, é fazer de conta que não há no ar um atrito mais sério. Sejamos prudentes.

01/09/2009

Fonte: Observatório da Imprensa